O setor de Educação no processo de transição de governo entregou ao presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), um relatório contendo propostas de políticas públicas destinadas a prevenir incidentes violentos em escolas.
O documento, que possui 50 páginas, foi elaborado por 12 especialistas em educação e aborda um histórico de violência escolar no Brasil e no mundo. Além disso, oferece teses sobre os fatores que contribuem para o aumento desses incidentes e apresenta estratégias para conter essa tendência no país.
As sugestões para evitar ataques estão organizadas em três categorias principais: ações no âmbito educacional, psicológico e social (fora do ambiente escolar). Entre as políticas públicas propostas, destaca-se a recomendação de capacitar profissionais da educação através de “processos de formação contínua sobre o extremismo de direita e suas abordagens”. Além disso, é mencionada a “necessidade de desenvolver uma abordagem pedagógica que promova a educação crítica em relação à mídia e combata a desinformação”.
Daniel Cara, um dos coordenadores do grupo temático e professor da Universidade de São Paulo, ressaltou em uma entrevista à CNN a importância de combater o extremismo, destacando que não se trata de um problema temporário. Ele enfatizou que educadores devem ser treinados para compreender e prevenir esse fenômeno, lembrando que a Constituição Federal estabelece a preparação para a cidadania como uma das missões da educação.
Na apresentação do documento, escrita pelo professor da USP, é mencionado um incidente ocorrido em 25 de novembro de 2022, no qual um jovem atacou duas escolas em Aracruz, Espírito Santo, resultando na morte de quatro pessoas. O professor destaca que desde os anos 2000 foram registrados 16 ataques semelhantes, sendo quatro deles no segundo semestre de 2022, justificando assim a elaboração do relatório.
O documento também ressalta a relação entre os ataques violentos nas escolas e o crescimento do extremismo de direita na sociedade. Ele aponta a disseminação descontrolada desses discursos e práticas através de meios digitais como um dos impulsionadores desse fenômeno. O texto ainda recorda que o autor do atentado em Aracruz portava símbolos da suástica em suas vestimentas.
O grupo destaca que compreender a natureza do “extremismo de direita” é fundamental e menciona a ideia de “supremacia branca e masculina” como um elemento-chave. O documento observa que adolescentes brancos e heterossexuais são os principais alvos desse discurso extremista, no qual a misoginia desempenha um papel crucial. Isso é exemplificado pelo fato de mulheres frequentemente serem alvo de atiradores em massa.